quarta-feira, 9 de maio de 2012

Imprensa e mobilidade urbana em Recife

Por Humberto Cavalcanti em 08/05/2012 na edição 693
>>Exemplo 1 – "Ônibus vazios e carros parados" [manchete do Diário de Pernambuco, domingo (29/4/2012)

Vejo a foto e leio isto "ônibus vazios e carros parados" e quase choro de vergonha: a manchete correta não seria dizer (e deixar bem claro) que os carros da foto estão sempre vazios (ou ocupados por 1, no máximo por 2 pessoas)? Tanto nos horários de pico, quanto nos demais horários?
Esses, os carros, os automóveis são os donos da rua e os que atrapalham mais o trânsito (pois é bom lembrar que trânsito não se resume a transporte particular): os carros ocupam 72% do espaço da Av. Agamenon Magalhães! (Dados de acordo com uma auto-ridade-especialista num programa na TV-U recentemente).
Mas esta deformação da opinião pública não é de agora.
A guerra das Kombis lotações
Antecedente que para mim me foi marcante (em contraste com o que vivi, vi e vejo em Porto Alegre, de onde cheguei há poucas semanas, pra matar a saudade, e onde morei muito tempo, inclusive durante a intervenção pelo então prefeito Olívio Dutra e a con-seqüente e quase milagrosa melhoria do serviço de ônibus na capital gaúcha, interven-ção sobre a qual a imprensa silencia, podemos imaginar por quê) foi A Santa Aliança.
A Santa Aliança:no passado governo Joao Paulo PT/Jarbas Vasconcelos/PMDB, toda a imprensa local: aquela verdadeira operação de guerra teve a inestimável ajuda, estí-mulo e destaque do Quarto Poder(como se chama a imprensa e seu entrelaçamento com os demais poderes, todos juntos na dominação e manipulação do povo, descontadas suas querelas intestinas): vergonhoso momento de parcialidade contra a válvula de escape que servia ao povo, as lotações, transportes alternativos, ação espetacular que serviu pra abrir mais espaços pros automóveis, o que era tão claro, tão previsível, e de que se-ria uma jogada de cena
[À época, e não comodamente a distância, deixou-se escapar uma colaboração escrita e enviada por um leitor enxerido a um dos três jornais locais ("Vida de gado nos ônibus do Recife: Até quando?", em 7/9/2003, Folha de Pernambuco, talvez últimos instantes de surpreendente pluralidade e abertura da finada seção Cidadania, que ocupava às vezes duas páginas daquele jornal, que teve que sobreviver, é claro... e a que preço!)]
Motos e acidentes
Depois vieram outros bodes expiatórios: motos e motociclistas. Digo bode expiatório porque assim me parecem diante do poder da indústria dos automóveis e das construtoras de estradas, ruas, avenidas, viadutos. E diante do coração mole dos poderes estabelecidos e de seus novatos que se revelaram à altura.
Mas fiquemos na imprensa livre, independente e ética, com sua liberdade de expressão garantida: em nenhuma dessas notas, reportagens e "debates" vejo maior espaço... para o contraditório, não vejo, não leio, nem ouço, nem assisto a estatísticas sobre quem é, em qual proporção é e são os responsáveis nos acidentes nos acidentes envolvendo motos e automóveis. Motos e ônibus. Motos e caminhões. Motos e pedestres. Satanizam-se as motos. Satanizam-se os mau educados e os imprudentes motoristas de... de... motos. E ponto.
A navegabilidade do Rio Capibaribe

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