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| JOÃO MATTOS/JC Fechamento das 17 estações do metrô provocou caos no trânsito |
Não adiantou a ameaça de multa pesada por parte da Justiça. Os metroviários da Trensurb entraram na mobilização nacional da categoria e paralisaram totalmente a circulação do metrô por 24 horas, prejudicando mais de 170 mil pessoas que utilizam diariamente o transporte ferroviário para se deslocar entre Porto Alegre e a Região Metropolitana. Todas as 17 estações ficaram completamente fechadas durante o dia.
O resultado foi um trânsito caótico por toda a manhã, principalmente na BR-116, já que muitas pessoas tiveram que vir à Capital de carro. O fluxo foi intenso até as 9h e a rodovia chegou a registrar seis quilômetros de congestionamento no trecho de Esteio, próximo ao parque da Expointer. Em cidades como Canoas, São Leopoldo, Esteio e Sapucaia, os ônibus passavam completamente cheios nas paradas lotadas de pessoas atrasadas para o trabalho.
Para atender à demanda, a Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan) colocou mais 300 ônibus à disposição. Além de reforçar as linhas, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) também ativou uma linha especial, LTR8 – Greve Geral Trensurb-Carris, para atender aos usuários das estações Aeroporto e Farrapos em direção ao Centro Histórico.
O tumulto também ficou evidente em avenidas como a Sertório e a Assis Brasil, em Porto Alegre. Cerca de 250 agentes de trânsito foram dispostos em pontos estratégicos, como saídas e entradas da Capital, para organizar o fluxo de veículos vindos da região metropolitana. A situação só começou a se normalizar a partir das 10h, mas novamente voltou a complicar a partir das 17h, com a volta para casa. Hoje o sistema voltará a funcionar normalmente.
No final da tarde, além da paralisação dos metroviários, um acidente envolvendo a comitiva da presidente Dilma Rousseff contribuiu para engarrafar ainda mais o trânsito. Durante a passagem pela avenida Castelo Branco, um dos motociclistas que estava entre os batedores da presidente sofreu um acidente. A avenida foi totalmente bloqueada por volta das 18h no sentido Interior-Capital. Mesmo assim, os demais batedores seguiram acompanhando a comitiva até a casa do ex-marido de Dilma, Carlos Araújo.
Na sexta-feira, o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4) determinou uma multa de R$ 70 mil ao Sindimetrô-RS a cada horário de pico sem transporte ferroviário – ou seja, entre 5h30min e 8h30min e 17h30min e 20h30min. Como houve paralisação nos dois períodos, a sanção atinge os R$ 140 mil. Os dirigentes do sindicato afirmam que não foram notificados da decisão.
A Trensurb deve apresentar uma proposta de reajuste salarial para a categoria, que já estava em negociação com a empresa, até o dia 30 deste mês. Segundo Humberto Kasper, diretor-presidente, houve uma “falta de respeito” por parte dos metroviários, que, segundo ele, suspenderam as negociações unilateralmente. “Nós não negamos nada. O sindicato é que precipitou o processo”, afirmou o diretor-presidente. Os metroviários exigem 21,5% de aumento e já ocorreram paralisações em diversas capitais brasileiras, como São Luís, Natal, João Pessoa, Recife , Maceió e Belo Horizonte.
O Ministério Público Federal (MPF) em Novo Hamburgo irá pedir abertura de inquérito na Polícia Federal (PF) para que se apurem possíveis crimes praticados pela direção do Sindimetrô-RS com o não cumprimento da medida judicial. “(O sindicato) alegou, publicamente, que não fora formalmente intimado, sendo óbvio, entretanto, que a decisão judicial teve ampla divulgação, traduzindo-se em fato notório, de inequívoca ciência da entidade sindical, a qual desacatou o mandado”, afirma o procurador da República Celso Tres. Para o procurador, os sindicalistas incorreram, entre outros delitos, no de paralisação do trabalho de interesse coletivo e desobediência judicial sobre suspensão de direito, além de outros a serem apurados pela PF.
Novas estações serão inauguradas
A paralisação da Trensurb não prejudicou apenas o trânsito de toda a Região Metropolitana no dia de ontem. A população de Novo Hamburgo passaria a contar pela primeira vez com o serviço de transporte com a inauguração da estação Santo Afonso. Além desta, também passaria a funcionar mais uma em São Leopoldo, a Rio dos Sinos. Toda a estrutura das duas novas estações está pronta e instalada, desde placas e catracas até as escadas rolantes.
No entanto, a mobilização dos metroviários atrapalhou os planos e a inauguração deve ocorrer hoje, sem solenidade. Com a extensão da Linha 1, a direção da Trensurb espera 30 mil novos usuários. Atualmente, 178 mil pessoas utilizam diariamente o serviço. Além da Santo Afonso, a Linha 1 contará com três novas estações em Novo Hamburgo até o final deste ano.
From: jcrs.uol.com.br
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